Na falta de um destino mais lucrativo para as sobras da exploração das minas de opala em Pedro II, cidade ao norte do Piauí, o grupo de garimpeiros da região - segunda do mundo onde a pedra de alta qualidade, chamada extra, é encontrada - decidiu transformar o rejeito em material para a construção civil.
O tijolo ecológico, além de dar fim às toneladas de rejeitos de opala acumuladas ao longo dos anos em Pedro II - o que é chamado de passivo da mina -, permite a redução de custos das moradias, já que chega a custar menos da metade do preço de um produto de equivalente qualidade. “Enquanto um tijolo comum é vendido por R$ 280 (o milheiro), segundo o levantamento mais recente que fizemos, o ecológico sai por R$ 127”, disse Marcelo Moraes, consultor do projeto Gemas e Joias do Serviço de Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Para que o projeto seja posto em prática, os garimpeiros deverão passar por cursos de capacitação a fim de que fiquem preparados para desenvolver o produto. No início, segundo Moraes, o tijolo não deverá ser vendido para fora da região. “O convênio para a produção dos tijolos deverá ser assinado ainda neste semestre.” Participa do projeto ainda o Centro de Tecnologia Mineral do Ministério de Ciência e Tecnologia.
“Essa história do tijolo ecológico vai ajudar bastante a comunidade, os trabalhadores, e vai dar um fim adequado [aos rejeitos da opala], preservando o meio ambiente”, disse José Cícero da Silva Oliveira. Hoje, aproximadamente 180 garimpeiros são associados à cooperativa de Pedro II e exploram legalmente perto de 700 hectares, o equivalente a 7 milhões de metros quadrados.
“A exploração não é mais desordenada. Todos os trabalhadores da cooperativa trabalham em áreas regulares, com licenciamento, com equipamento de segurança”, afirmou. No regime de cooperativa, 10% de tudo o que se ganha em vendas é dividido entre os 150 associados.
Pedro II em números
Pedro II tem cerca de 500 famílias, entre garimpeiros, lapidários, joalheiros e lojistas que vivem da opala, de acordo com dados do Sebrae do Piauí. A população do município, segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 37.500 pessoas.
A opala extra pode custar até três vezes mais que o ouro e é o que move a economia local. Por ano, a cidade vende perto de 400 quilos de joias feitas com a pedra para os mercados interno e externo.
Fonte: G1
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