Foto: Roberta Aline
A reabertura das escolas de forma segura em meio a processos de flexibilização da quarentena e retomada das atividades econômicas deve ser combinada com uma estratégia de alta cobertura em testagem, rastreamento de casos do novo coronavírus e isolamento. Essas medidas seriam essenciais para evitar uma segunda onda da covid-19, conforme indica um estudo de modelagem publicado anteontem pela University College London.
Embora a análise tenha sido feita para o
Reino Unido, o trabalho pode ajudar outros países. A questão é se o
local estará apto a cumprir todas as orientações necessárias. Um segundo
estudo, desta vez observacional, analisou dados reais da primeira onda
de covid-19 em Nova Gales do Sul, na Austrália, e encontrou baixos
níveis de transmissão do vírus em escolas e creches. A Austrália,
diferentemente de muitos outros países, manteve as instituições de
ensino abertas, com orientação para distanciamento físico e higiene.
Os dois estudos foram publicados pela
revista científica The Lancet Child & Adolescent Health e demonstram
a necessidade do rastreamento de contatos para o gerenciamento da
epidemia.
"Nossa modelagem sugere que, com uma
estratégia de teste e rastreamento altamente eficaz em vigor no Reino
Unido, é possível que as escolas reabram com segurança em setembro. No
entanto, sem uma estratégia de teste-rastreamento-isolamento, o Reino
Unido arrisca um sério segundo pico epidêmico em dezembro ou fevereiro",
disse Jasmina Panovska-Griffiths, líder do estudo britânico.
Os resultados sugerem que, para evitar
uma segunda onda, é preciso aumentar os testes entre 59% e 87% nas
pessoas sintomáticas. Roberto Kraenkel, professor da Unesp, avalia que
esse tipo de estratégia é difícil. "O Brasil não tem nenhum esquema de
rastreio e isolamento eficiente. Algumas cidades com poucos casos
conseguiram fazer rastreio, como Florianópolis, mas falta de tudo, até
insumos para fazer teste", adverte.
Fonte: Estadão Conteúdo
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